sex., 03 de dez.
|Sesc Santo André
Canto da noite na boca do vento
"Jamais poderia escrever sobre Dona Ivone Lara. A escrita, quiçá, me exigiria finalizar um parágrafo, encerrar o período, concluir ideias. A “dama dourada” é uma pintura que se desenhou diante dos meus olhos quando a vi pela primeira vez. É música.


Horário e local
03 de dez. de 2021, 21:00
Sesc Santo André, R. Tamarutaca, 302 - Vila Guiomar, Santo André - SP, 09071-130, Brasil
Informações
"Jamais poderia escrever sobre Dona Ivone Lara. A escrita, quiçá, me exigiria finalizar um parágrafo, encerrar o período, concluir ideias. A “dama dourada” é uma pintura que se desenhou diante dos meus olhos quando a vi pela primeira vez. É música. Por isso, falar desta eterna “jovem senhora” revira as minhas memórias, vasculha o meu peito, traz o nosso primeiro abraço, o meu primeiro beijo em suas mãos, a primeira espera no camarim antes de subirmos ao palco juntas, a primeira visita em sua casa por conta de seu aniversário comemorado na rua, em torno de uma roda de samba. Tive a oportunidade de participar e conversar com Dona Ivone algumas vezes. É um respeito imenso estar diante de alguém que bravamente conquistou sua coroa, que nunca desistiu, que sempre compôs mesmo não podendo dizer que a assinatura da música era de uma mulher. Tem muita magia assistir a um teatro inteiro ovacionando um ídolo eleito pelo povo, a catarse das gentes por se enxergar naquele que, por alguns instantes, transforma-se num coro. ‘Agô’ é uma palavra iorubá que significa pedido de licença, de permissão. Assim será sempre com a música de Dona Ivone Lara. Agô!"* “Canto da noite na boca do vento” É com esse pedido de licença que Fabiana Cozza, acompanhada do violonista Cainã Cavalcante, o percussionista Douglas Alonso e o cavaquinista e bandolinista Henrique Araújo, canta uma de suas filhas mais pródigas, compositora ímpar e cantora refinada da música popular brasileira, Dona Ivone Lara ou, A Dama Dourada, como intitula Cozza em seu artigo publicado no livro "As bambas do samba", publicado em 2016 pela editora da Universidade Federal da Bahia, por Marilda Santanna. O show é uma celebração de parte do cancioneiro de Dona Ivone Lara e seus parceiros, com destaque para o mais reluzente, na opinião de Cozza, o imenso poeta Delcio Carvalho. O espetáculo tem duração de 1h15. (*) texto extraído do artigo "A Dama Dourada" de Fabiana Cozza, livro As bambas do samba de autoria de Marilda Santanna